Mercadoria por entre os dedos
“ O nevoeiro adensa-se na madrugada,
Por entre os candeeiros perdidos meio despidos,
E passos apressados ecoam,
Pelas ruas e becos de Lisboa.
Passos esses que provêm,
Sem justa causa e após,
Uma noite de copos e companhia,
Num qualquer bairro,
Em qualquer casa,
Por um arruaceiro de qualquer natureza.
Um copo de vidro partido,
Quebrado como qualquer jarro,
Uma montra encontrada,
Desprovida de tudo e mais alguém.
Soa pelas ruas o alarme,
E esses passos apressam-se na escuridão,
Fugindo, despistando,
Correndo, amando aos poucos,
Aqui e acolá,
E perde-se a mercadoria por entre os dedos.
Mãos sulcadas de espírito,
E caras carregadas de mágoa e dor,
Tudo se rouba nas ruas de Lisboa,
Tudo se vende e confecciona,
Somos todos ladrões,
Nem que sejam dos corações alheios a nós.”
Miguel, 07FEV2003
(obrigado) :)
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